terça-feira, 15 de setembro de 2015

Texto Dissertativo


Trabalho infantil:
um grave problema

         Um dos principais desafios o Brasil é eliminar o trabalho infantil. Embora a lei proíba o trabalho de menores de 16 anos,   milhões de crianças e adolescentes atuam em lavouras, carvoarias, olarias, ambientes domésticos etc.

        A maior parte desses trabalhadores precoces está no Nordeste brasileiro. Porém, em todas as regiões do País, é  possível verificar a exploração de mão de obra infantil. 
        O trabalho infantil não é um problema  de fácil  solução. Muitas crianças são obrigadas a trabalhar para ajudar na renda familiar.

         Por isso, governo e sociedade precisam firmar o compromisso de ajudar essas famílias para que as crianças possam deixar de trabalhar e, assim passem a frequentar a escola.

                                                                  (Alessandra R.A. Almondes, Pedagoga)




                           Estrutura básica do texto dissertativo


1ª Parte - INTRODUÇÃO

1º Parágrafo

A autora apresenta a ideia que será desenvolvida nas partes seguintes. Essa parte é, em geral, constituída de um parágrafo.


2º parte - DESENVOLVIMENTO 

2º e 3º Parágrafos

A autora desenvolve a ideia apresentada na 1ª parte do texto. Para isso, emprega argumentos, exemplos etc. para sustentar seu ponto de vista. Essa parte costuma conter, em média , dois ou três parágrafos.


3ª parte - CONCLUSÃO

4º Parágrafo

A autora retoma o assunto exposto na 1ª parte do texto, concluindo suas ideias e reafirmando sua opinião. Essa parte costuma ser escrita em um parágrafo.


Fonte : CAVÉQUIA, Marcia Paganini - A escola é nossa: língua portuguesa - São Paulo: Scipione,2011.

Imagens: reporterbrasil.org.br/trabalhoinfantil/as-piores-formas-de-trabalho-infantil





quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Atividade de Argumentação


EMEF Prof Fernando Pantaleão

Língua Portuguesa -  ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL

A ARGUMENTAÇÃO - 9 º Ano - 3º Bimestre/2015


Leia o seguinte texto:

                 Doze razões por que sou contra a pornografia  ( Sabor da Vida, 2005-05-31, adaptado)

1. Em primeiro lugar, a pornografia é anti-humana. Pela sua preocupação com os órgãos e funções, a pornografia não se importa com a pessoa em si.

2.  A pornografia é contra a mulher. As mulheres são tratadas como objetos sexuais, criaturas disponíveis para serem olhadas de revés, usadas e abusadas e depois substituídas por outras.

3.  Paradoxalmente, a pornografia é contra o sexo. A pornografia falha em não entender o sexo como um dom sagrado destinado a produzir alegria, intimidade e profunda plenitude numa relação de amor duradoura. Em vez disso, a pornografia faz um espetáculo público daquilo que deviam ser atos íntimos.

4. A pornografia é contra as crianças. Elas são bombardeadas com imagens de sexualidade adulta muito antes de estarem emocionalmente preparadas para isso.

5. A pornografia é contra a família. Devido à sua obsessão com a função sexual, a pornografia evita qualquer reconhecimento do valor das relações familiares. O casamento é ridicularizado, a promiscuidade é promovida, as relações homossexuais valorizadas e o sexo em grupo aprovado.

6. A pornografia é contra a consciência. É pela consciência que nos tornamos conhecedores da lei moral e distinguimos o bem do mal, o certo do errado. Assim como pela constante exposição da violência nos meios de comunicação as pessoas perdem a sensibilidade à violência real, assim a nossa consciência pode ser adormecida pela pornografia que se infiltra.

Nós começamos por  aceitar a ideia de que as pessoas podem ser usadas como objetos e que o  sexo poderá ser usado indiscriminadamente.

7. A pornografia é contra Deus. Opõe-se completamente aos ensinos de Jesus Cristo acerca da pureza e do amor. A própria pessoa de Jesus Cristo é profanada pela obscenidade e blasfêmia.  (etc)     

ATIVIDADES

Elabore  argumentos para alguns dos tópicos abaixo:

Sete razões por que sou contra ou  10 razões por que sou a favor:

a) o casamento de pessoa mais jovem com uma pessoa de muito mais idade;

b) o uso livre da Internet por crianças;

c) uso de celular na sala de aula;

d) exagero nas atividades físicas;

e) tatuagens no corpo;

f) internação de velhinhos nos asilos;

g) interferência dos pais no namoro dos filhos;

h) aborto em caso de estupro;

i) casamento de homossexuais;

j) aumento da maioridade penal.

Fonte:http://estacaodapalavra.blogspot.com.br/2011/04/redacao-argumentacao.html. Acesso  em 10.09.2015.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015








Em nossa Escola fazer o melhor significa esforçar-se para, por onde passar, deixar marcas de otimismo de que vale a pena Estudar!!

BOM RETORNO!

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Escritor e leitor



“Quem gosta de literatura sabe que o escritor e o leitor ocupam o mesmo lugar na hierarquia do texto. Ainda que o primeiro exiba uma força maior de visibilidade (o leitor é, em tese, anônimo na hora da leitura), sem o segundo ele simplesmente vaga solitário no deserto das palavras. Aos que leem, cabe a libertação da escrita em direção aos múltiplos sentidos que ela pode e deve oferecer ao mundo. 
                           
                                                                                                    Fred Coelho


            

Imagem : Thata Schultz  - Mulher lendo  _ png - in Brushes Dolls - Literatura e Livros

 Em: O Globo,coluna Responsas, 2º caderno, quarta-feira, 25/02/2015, p. 2.

terça-feira, 30 de junho de 2015

A cartomante


                              https://www.youtube.com/watch?t=1030&v=_EzT_M3-J3M

Leitura

GÊNERO TEXTUAL: CONTO   


“A Cartomante”


Machado de Assis




Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de Novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: "A senhora gosta de uma pessoa..." Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade...
— Errou! Interrompeu Camilo, rindo.
— Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...
Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois...
— Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa.
— Onde é a casa?
— Aqui perto, na rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.
Camilo riu outra vez:
— Tu crês deveras nessas coisas? perguntou-lhe.
Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muito cousa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranqüila e satisfeita.
Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se, Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em

 uma só negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento; limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.
Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.
Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura, e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo.
— É o senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo; falava sempre do senhor.
Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vente e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição.
Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor.
Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela; era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; — ela mal, — ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica bengala de presente, e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração; não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as cousas que o cercam.
Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas.
Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato.
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente; tal foi a opinião de Rita, que, por outras palavras mal compostas, formulou este pensamento: — a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.
Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Vilela, e a catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que era possível.
— Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para comparar a letra com a das cartas que lá aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e rasgo-a...
Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camilo devia tornar à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram os meios de se corresponderem, em caso de necessidade, e separaram-se com lágrimas.
No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava matéria especial, e a letra, fosse realidade ou ilusão, afigurou-se-lhe trêmula. Ele combinou todas essas cousas com a notícia da véspera.
— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os olhos no papel.
Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, pegando na pena e escrevendo o bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso repugnava-lhe a idéia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a idéia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto.
Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas; ou então, — o que era ainda peior, — eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. "Vem já, já à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Ditas, assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. Entrou a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era útil. Logo depois rejeitava a idéa, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na direção do largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou seguir a trote largo.
— Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim...
Mas o mesmo trote do cavalo veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo. Quase no fim da rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar; a rua estava atravancada com uma carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas de curiosos do incidente da rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino.
Camilo reclinou-se no tílburi, para não ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O cocheiro propôs-lhe voltar a primeira travessa, e ir por outro caminho; ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa... Depois fez um gesto incrédulo: era a idéia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos... Na rua, gritavam os homens, safando a carroça:
— Anda! agora! empurra! vá! vá!
Daí a pouco estaria removido o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras cousas; mas a voz do marido sussurrava-lhe às orelhas as palavras da carta: "Vem já, já..." E ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e entrar... Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... pensou rapidamente no inexplicável de tantas cousas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários; e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: "Há mais cousas no céu e na terra do que sonha a filosofia..." Que perdia ele, se...?
Deu por si na calçada, ao pé da porta; disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve idéia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para os telhados do fundo. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.
A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:
— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...
Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma coisa ou não...
— A mim e a ela, explicou vivamente ele.
A cartomante não sorriu; disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez as cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas, três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela, curioso e ansioso.
— As cartas dizem-me...
Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável mais cautela; ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita... Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.
— A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante.
Esta levantou-se, rindo.
— Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato...
E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço.
— Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas quer mandar buscar?
— Pergunte ao seu coração, respondeu ela.
Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e deu-lha. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dois mil-réis.
— Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá tranqüilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu...
A cartomante tinha já guardado a nota na algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante alegre com a paga, tornava acima, cantarolando uma barcarola. Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu a trote largo.
Tudo lhe parecia agora melhor, as outras cousas traziam outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e reconheceu que eram íntimos e familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e gravíssimo.
— Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro.
E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer cousa; parece que formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro. Às vezes queria rir, e ria de si mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e afirmativas, a exortação: — Vá, vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao longe, a barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz.
A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável.
Daí a pouco chegou à casa de Vilela. Apeou-se, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.
— Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?
Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: — ao fundo sobre o canapé, estava Rita morta e ensangüentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão.       

Referência:

ASSIS, Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 1994. v. II. Disponível em http://www.baixarlivrosgratis.net/a-cartomante-de-machado-de-assis/ [ consultado em 30/06/2015]

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Leitura de Imagem

EMEF Prof Fernando Pantaleão

Língua Portuguesa - Leitura e Análise de imagem - 2o. bimestre /2015 - 6o. Ano/ 7o. Ano
                                                 

                                                   Por favor, a  conta!

                Sempre há um momento na vida em que, por alguma razão, nos vemos sozinhos, sem pai nem mãe para nos apoiar.
                Nessas horas, o que fazer? Encarar a situação e agir como adulto ou retroceder e pedir colo?
                Observe com atenção o quadro a seguir, do pintor norte-americano Norman Rockwell, e responda às questões propostas.
 
New York Central Diner, 7/12/1946
  
 1. Na cena retratada no quadro, há duas pessoas: um garoto sentado e um adulto em pé, ao lado da mesa?

a) Quais são os objetos que estão em cima da mesa?
b) Considerando a resposta do item anterior, conclua: E que local as personagens estão?
c) Analise o ambiente e conclua: O menino está sozinho ou acompanhado? Justifique sua resposta com base em elementos do texto.

2. Levando em conta as respostas dos itens da questão anterior e observando a roupa do homem, levante hipóteses: Que tipo de relacionamento há entre o menino e o homem no momento retratado na pintura?

3. Pelas características do ambiente, dos móveis e das roupas das personagens, você imagina seja antiga ou atual? Justifique sua resposta com base em elementos do quadro?

4. Observe o que o menino tem nas mãos.

a) O que ele tem na mão esquerda?
b) Levante hipóteses: O que há dentro da bolsa que ele segura na mão direita?

5. Com base na resposta dos itens da questão anteriormente identificação dos objetos que estão sobre a mesa, deduza : O que o menino já comeu?

6. Analise as expressões faciais e corporais das personagens deduza:

a. O que sugere a expressão facial e corporal do menino? Por que, na sua opinião, ele está assim?
b. Quanto ao adulto, o que a expressão facial e corporal dele sugere?

7. Levando em conta as respostas das questões anteriores, interprete: Você acha que o menino já passou por situação semelhante a que está vivendo? Explique.

8. A pintura também pode ser vista como a representação da passagem do mundo infantil para o mundo adulto. Analise-a e destaque um elemento relacionado a cada uma dessas fase.

9. Você já viveu a situação de ir almoçar ou jantar sozinho em um restaurante? Ou já se viu em apuros, tendo de pagar uma conta e não ter dinheiro? Se sim conte para os colegas como foi.


Fonte: Cereja, William Roberto; Cleto, Cirley.  Interpretação de textos - desenvolvendo a competência leitora 6o. Ano - 1a. ed.. São Paulo: Atual, 2013.






quarta-feira, 17 de junho de 2015

Ciclo da vida


Para ler e crescer



“Só se pode viver perto do outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde,  um descanso na loucura.”

                         
                            João Guimarães Rosa, in Grande Sertão Veredas

terça-feira, 16 de junho de 2015

Olá Alunos do Panta!

O desafio está lançado!
Aproveitem essa oportunidade para aprimorar os estudos. 
Sempre que acessarem o blog, não esqueçam de postar os comentários, dúvidas e sugestões. Se necessário solicitar ajuda dos professores.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Simulado I Modelo SARESP

Simulado I – Saresp – 9os. Anos A e B – 2o. Bimestre / 2015



1. Leia o texto para responder à questão.

                            A Originalidade das Línguas Indígenas Brasileiras*
    
       A lentidão com que se tem desenvolvido a pesquisa científica das línguas indígenas no Brasil revela-se extremamente grave quando se verifica que essas línguas, desde o descobrimento do Brasil pelos europeus, têm estado continuamente submetidas a um processo de extinção (ou mesmo de exterminação) com conseqüências extremamente graves. Hoje há cerca de 180 línguas indígenas neste país, mas estas são apenas 15% das mais de mil línguas que se calcula terem existido aqui em 1500.
      Quase todas as línguas indígenas que se falavam nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil desapareceram, assim como desapareceram quase todas as que se falavam na calha do rio Amazonas.
      Essa enorme perda quantitativa implica, naturalmente, uma grande perda qualitativa. Línguas com propriedades insuspeitadas desapareceram sem deixar vestígios, e provavelmente algumas famílias lingüísticas inteiras deixaram de existir. As tarefas que têm hoje os lingüistas brasileiros de documentar, analisar, comparar e tentar reconstruir a história filogenética das línguas sobreviventes é, portanto, uma tarefa de caráter urgente urgentíssimo. Muito conhecimento sobre as línguas e sobre as implicações de sua originalidade para o melhor entendimento da capacidade humana de produzir línguas e de comunicarse ficará perdido para sempre com cada língua indígena que deixa de ser falada.


                                                                       http://www.comciencia.br/reportagens/framereport.htm>. Acesso em: 4 ago. 2008.

      O autor defende que o trabalho dos lingüistas sobre línguas indígenas brasileiras é urgente urgentíssimo, apresentando o seguinte argumento:

A) a quantidade de línguas indígenas no Brasil diminuiu em 15% desde 1500.
B) as línguas indígenas do Brasil podem desaparecer antes de serem estudadas.
C) as línguas indígenas brasileiras desaparecem com muita rapidez.
D) os lingüistas nunca estudaram as línguas indígenas do Brasil.

2.  Leia o texto para responder à questão.

   Novo sistema permite que robô substitua pessoas em trabalhos de resgate

Projeto da empresa espanhola Robotnik foi apresentado no "Dia da Robótica" na Campus Party, em Valência Da EFE - 02/08/2008, 12:38

      Valência (Espanha), 2 ago (EFE). - O mais avançado sistema de "telepresença" permite ao novo robô Rescuer imitar os movimentos exatos de um operador que o comanda e facilitar, assim, os trabalhos de resgate, segurança e vigilância em situações perigosas, como vazamentos de gás e grandes concentrações de fumaça. O robô Rescuer foi projetado para participar de resgates, já que é capaz de entrar em lugares inacessíveis para as pessoas e realizar tarefas a distância. Seus destinatários "naturais" são corpos de segurança como a Guarda Civil e Defesa Civil, mas seus criadores dizem que as aplicações desse projeto são "ilimitadas". Composto por uma plataforma móvel, dois braços articulados com mãos e uma cabeça com duas câmeras de vídeo, o Rescuer apresenta como novidade as técnicas mais avançadas de teleoperação, graças a um dispositivo de captura de dados usado pelo operador e que permite ao robô imitar com exatidão seus movimentos. Em comparação a outros produtos similares, o Rescuer oferece uma arquitetura modular que, na prática, se traduz em grande versatilidade.
      "O Rescuer é fornecido com o código aberto, ou seja, o usuário final tem acesso a todo o código, já que seu software não é um sistema fechado e, por isso, pode acoplar novos dispositivos ou prescindir dos que não forem úteis", explicou à Agência Efe o diretor-gerente da Robotnik, Roberto Guzmán.

 Fonte: NOVO sistema permite que robô... Abril Notícias, São Paulo, 2 ago. 2008.<http://www.abril.com.br/noticia/tecnologia/no_292815.shtml >. Acesso em: 20 ago. 2008.

Segundo o texto, quais são as funções do novo robô espanhol?

A) Resgatar bombeiros em situações perigosas.
B) Entrar em lugares inacessíveis para as pessoas e realizar tarefas a distância.
C) Criar códigos de acesso e técnicas de teleoperação.
D) Capturar dados do seu operador com versatilidade.

 3. Leia o texto para responda à questão.

CARTA DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS DA SAÚDE

Portaria MS nº 675, de 30 de março de 2006
Primeiro Princípio: Todo cidadão tem direito a ser atendido com ordem e organização.
Segundo Princípio: Todo cidadão tem direito a ter um atendimento com qualidade.
Terceiro Princípio: Todo cidadão tem direito a um tratamento humanizado e sem nenhuma
discriminação.
Quarto Princípio: Todo cidadão deve ter respeitados os seus direitos de paciente.
Quinto Princípio: Todo cidadão também tem deveres na hora de buscar atendimento de saúde.
Sexto Princípio: Todos devem cumprir o que diz a carta dos direitos dos usuários da saúde.

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS nº 675, de 30 de março de 2006. Carta dos direitos dos usuários da
saúde. Brasília, DF, 2006.

Uma pessoa que deixe de ser atendida em um hospital qualquer, porque está suja e mal vestida, pode formular sua reclamação com base no seguinte princípio da Carta dos Direitos dos Usuários de Saúde:


A) Primeiro Princípio.     B) Quinto Princípio.     C) Terceiro Princípio.     D) Segundo Princípio.

4. Leia a informação a seguir para responder à questão.

Regra:

Usa-se Ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em -TO, -TOR e -TIVO.

Qual a alternativa apresenta um grupo de palavras que pode ilustrar essa regra?

A) Canto – canção; Infrator – infração; Relativo – relação.

B) Conter – contenção; Manter – manutenção; Reter – retenção.

C) Lance – lançar; Desenlace – desenlaçar; Abraço – abraçar.

D) Exportar – exportação; Abdicar – abdicação; Abreviar – abreviação.

5. Leia o texto para responder à questão.

                               Troca de peças: como proceder

      Quando um mecânico precisa trocar uma peça do seu carro, deve utilizar uma peça nova original, ou uma peça que mantenha as especificações do fabricante. O seu mecânico pode usar peça recondicionada ou usada no conserto do seu carro, mas desde que você o autorize. Desobedecendo a essas regras, o mecânico, além de pagar os seus prejuízos, comete crime contra as relações de consumo, cuja pena varia de três meses a um ano de prisão. Nesses casos, a reparação econômica cabe à oficina e a pena pelo crime é aplicada ao dono ou gerente da oficina e ao mecânico que executou o serviço sabendo da irregularidade. O que estamos afirmando sobre a troca da peça do seu carro vale para as
demais situações de troca ou utilização de peças nos consertos em geral.

Fonte: RIOS, Josué. Troca de peças: como proceder. In:__. Guia dos seus direitos. São Paulo: Globo, 1998.

O pronome você no texto indica o

A) mecânico de automóveis em questão, a quem o texto se destina.
B) proprietário da oficina de automóveis, principal interessado no assunto.
C) fabricante de peças automobilísticas, alvo de seguidas críticas dos consumidores.

D) proprietário de automóveis, a quem o autor do texto se dirige prioritariamente.